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Dúvida Razoável

Uma cachoeira impossível

Representação de uma cena impossível, a litografia “Cachoeira“, de MC Escher, foi transformada em realidade — ou pelo menos, a “realidade” que podemos ver pelo Youtube.

O que você acha? Pensei primeiro que poderia ser uma excelente ilusão de perspectiva, como a série Escher for Real ou a ilusão das esferas subindo a rampa.

Mas assistindo ao vídeo em alta resolução, as sombras e reflexos, suspeito que seja em verdade outra obra sensacional de computação gráfica. Sensacional.

A cantada, o ditador e os prodígios de lógica

Harry: “Um homem não pode dizer que uma mulher é atraente sem isso ser uma cantada?”
Harry: “…Que quer que eu faça? Retiro o que disse, OK? Retiro”.
Sally: “Não pode retirar”.
Harry: “Por que não?”
Sally: “Porque já foi dito”.
Harry: “O que devemos fazer? Chamar a polícia? ‘Já foi dito!’”.

Dizer “empiricamente, você é atraente” pode não ser a melhor das cantadas, mas é uma cantada. E Sally não gostou do avanço porque Harry ainda estava saindo com Amanda, sua amiga. Por mais que ele tentasse retirar o que foi dito, bem, já foi dito. Nem chamar a polícia adiantaria.

Hipoteticamente, se Harry começasse a contar que gosta de fotografia e comentasse casualmente que Sally deveria ser muito fotogênica, as situações embaraçosas que compõem toda a comédia romântica de “Harry e Sally” (1989) poderiam ser evitadas. O que leva a um paradoxo aparente: seja dizendo direta e enfaticamente que acha Sally atraente, seja comentando casualmente algo sobre a simetria do rosto de Sally ou a iluminação incidindo sobre sua pele, a informação trocada parece a rigor a mesma. E mesmo no segundo caso hipotético, tanto Sally quanto Harry saberiam da mesma forma que Harry estava passando uma cantada.

Em um fabuloso RSAnimate, uma série de animações da RSA, Steven Pinker explica como o paradoxo se relaciona com os conceitos de conhecimento individual e mútuo usados na Teoria de Jogos.

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Mergulhe em um fractal (via Google Maps)

Você já deve ter ouvido falar em fractais, principalmente algo sobre sua auto-similaridade: mergulhe em uma parte de um fractal, até encontrar uma imagem similar ao fractal inteiro. É algo fascinante, tão fascinante quanto observar um Homer, atravessar o Universo e descobrir outro Homer Simpson. De relâmpagos a raízes de árvores, fractais foram ilustrados inicialmente através das entranhas infinitamente detalhadas de uma praia.

Pelo que é uma surpresa que só agora tenham usado a interface do Google Maps para permitir que você navegue por alguns dos mais famosos fractais, do conjunto de Mandelbrot ao de Julia. Basta selecionar no menu acima, à direita, escolhendo também uma paleta de cores, e ir mergulhando cada vez mais fundo usando a scrollwheel ou o menu à esquerda.

É uma complexidade sem fim, e quem sabe você ainda encontre um Homer Simpson bem lá no fundo. Uôoou. [via Misterhonk]

O melhor professor que já tive

O senhor Whitson ensinava ciências para a 6ª série. No primeiro dia de aula ele nos falou sobre uma criatura chamada cattywampus, um animal noturno extinto durante a Era do Gelo. Ele passou para os alunos um crânio enquanto falava. Todos nós fizemos anotações e depois respondemos a um teste sobre a aula.

Quando recebi a prova corrigida fiquei surpreso. Havia um grande e vermelho X em todas as minhas respostas. Eu havia falhado. Devia haver algum engano! Eu havia escrito exatamente o que o professor Whitson havia dito na aula. Então percebi que todos na classe haviam falhado. O que havia acontecido?

Muito simples, o professor explicou. Ele havia inventado tudo o que falou sobre o cattywampus. Aquele animal nunca havia existido, ou seja, toda a informação em nossas anotações estava errada. Nós esperávamos crédito por respostas erradas?

Desnecessário dizer, nós ficamos revoltados. Que tipo de teste era esse e que tipo de professor ele era?

Continue lendo no Ciensinando: O melhor professor que já tive [foto: ilco]

Luta de Raios Elétricos

Não é preciso ser um Sith Lord para disparar raios pelas mãos. Basta ficar no topo de duas bobinas de Tesla com um diferencial de até 4 milhões de Volts.

Claro que, para sobreviver a isso, também é necessário o detalhe de não esquecer de usar um traje metálico de corpo inteiro. A mesma ciência garante que a corrente passará pelo exterior do traje metálico, e não pelo interior do corpo dos Lords of Lightning.

Nikola Tesla ficaria orgulhoso, não apenas por esta aplicação de suas bobinas, mas porque a própria demonstração é uma variação das que ele já fazia há um século.

Mérito e Privilégio

Um dos argumentos contra o uso de cotas nos exames de ingresso para Universidade é o de que as cotas vão contra o princípio da meritocracia. A meritocracia tem muitos defensores na Universidade. A lógica é simples: dá-se mais aos que merecem mais. Se você tem mais méritos acadêmicos, você merece cargos melhores, salários maiores, espaços melhores. No caso das cotas, só mereceria entrar na Universidade quem teve as melhores notas.

A meritocracia é um conceito atraente pois apela ao nosso senso de justiça. O problema é que não podemos falar de meritocracia na Universidade brasileira pois a meritocracia pressupõe que condições iguais foram dadas a todos os que participam da “competição”. E isso não é verdade.

Continue lendo no Brontossauros: Mérito e Privilégio