Crítica Pixels ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

A nostalgia oitentista está ai, mais viva do que nunca. Nos últimos três anos temos vistos muitas paixões da época voltarem ao cinema, de uma forma ou de outra. Seja com a animação “Detona Ralph”, feita para crianças, mas atraente mesmo para adultos, seja com remakes de clássicos adorados e até então intocados, como “Robocop” e “Os Caça-Fantasmas” (ainda em pré-produção). A época está em alta. Todo mundo quer tirar uma casquinha dos anos 80 e qualquer produção que traga algum vestígio, sombra ou gostinho dos maneirismos da época, ganha nossa atenção. Quem nasceu ou cresceu nesta década entende melhor do que ninguém por que fomos atraídos para assistir a mais nova produção de Adam Sandler, “Pixels”.
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Diante do trailer, não sabemos muito bem do que “Pixels” se trata. Existe um tom apocalíptico e viés oitentista, mas nada além disso é explicado ou melhor explorado no curto tempo. E, de fato, não necessariamente existe essa necessidade de soar explicativo em um trailer. E como produções que seguem a linha apocalíptica também estão em alta (“Jogos Vorazes”, “Elysium” e “Oblivion”), Adam Sandler conseguiu nos cativar sem dizer nada. Talvez também porque o filme não tenha nada a dizer.

Dentro da trama, o mundo se torna uma enorme tela de fliperama, onde o alvo é a dizimação do planeta e, consequentemente, da raça humana. O futuro está nas mãos dos Arcaders, os jogadores de fliperama Sam Brener (Adam Sandler), Ludlow Lamonsoff (Josh Gad) e Eddie Plant (Peter Dinklage), com o apoio da coronel Vanessa “Van” Pattern (Michelle Monaghan) e do presidente William Cooper (Kevin James). Com a expertise desses personagens, eles vão lutar contra os mais populares jogos do Atari, Galaga, Frogger, Space Invaders, Pac-Man, Centopeia e o clássico da Nintendo, Donkey Kong.

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Como comédia, a produção não entrega momentos extasiantes, onde nos perdemos com tantos risos e momentos realmente engraçados. Ela possui seus vislumbres cômicos, alguns breves espaços no tempo onde nos divertimos, mas não segura esse ritmo até o final. Por se tratar de um filme composto única e exclusivamente por referências, tais memórias deveriam reativar aquele sentimento nostálgico que os nascidos e crescidos nos anos 80 carregam em si.

Cada lembrança, cada sacada oriunda da época deveriam nos levar de volta a uma deliciosa epifania, mas não é o que acontece. As piadas são um tanto vazias e não exploram com maior profundidade os maneirismos da época que até hoje ecoam por seu simbolismo. Como dito anteriormente, são vislumbres. Momentos que poderiam ser hilários, mas que não passam de engraçadinhos.

As referências em si são divertidas e contribuem para a experiência nostálgica no cinema, ainda que em linhas gerais ela seja fraca. Por se tratar de games muito famosos e que possuem um papel fundamental na construção cultural de toda uma década e geração, a comédia se firma nesse aspecto e talvez seja isso que faça com que alguns realmente aproveitem o filme em sala. Afinal, estar diante de clássicos pixelados em uma época onde os consoles cabem no bolso desperta uma sensação gostosa da infância que as gerações atuais perderam. E como todos temos uma válvula nostálgica, recordar é sempre viver.

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Mas a ideia do filme é muito boa, pois parte da premissa que une dois elementos exageradamente usados no cinema hollywoodiano atual e os satiriza, à medida que serve como um banquete nostálgico, para o deleite dos mais velhos. O problema está na execução dessa teoria, que não foi tão bem feita. Talvez a sombra que tem acompanhado os últimos filmes de Adam Sandler (ruins de bilheteria, sacadas cômicas e arrecadação) tenha pairado sobre “Pixels”, tornando a comédia, que tinha tudo para dar certo, em um filme que falha no principal ponto, que é ser realmente engraçado.

Ao final de tudo, estamos diante de uma produção que não extrai o melhor de nós, tão pouco entrega o melhor de si. Saímos da sala meio alheios ao que vimos, sem saber exatamente qual foi a sensação mais forte que sentimos: nostalgia, graça ou a falta dela. Com piadinhas bobinhas, “Pixels” é mais um filme meia-boca de Adam Sandler, que tinha tudo para ser realmente divertido, mas nos deixou à deriva, esperando pelo grande momento hilário. Na ficção, o mundo pode até ser salvo, mas na vida real, o comediante, que possui no currículo uma ótima trajetória iniciada com Saturday Night Live, está mais morto que os nossos amados clássicos oitentistas estão para a atual geração.

Sacerdote da Santa Igreja do Culto ao Nintendinho, Ryu se declara um rapaz casto e introvertido, no fundo desculpas para seus constantes fracassos com as mulheres. Adora surfar, mas não sabe nadar e sonha em conhecer uma praia. Ex-modelo, ex-feirante, ex-atriz, ex-torcedor do Mixto, Evel na verdade é um extraordinário colecionador da série telecurso 2º grau, sabe de cor e salteado todas as lições de química e marcenaria contemporânea. Amante da boa cozinha, não dispensa um churrasco de gato no boteco da Zuleide. Adora aventura e sempre que pode arrisca-se no truco indoor, desde que o ambiente seja refrigerado. "Onde há flor não há envido!"