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Cine Verité

Crítica 007 Contra Spectre ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

À primeira vista, sua escolha parecia de caráter duvidoso. Inicialmente rejeitado por sei o primeiro intérprete loiro e não ter os traços típicos dos galãs anteriores, Daniel Craig não foi recebido com muitos sorrisos pelo público geral. Mas bastou “Cassino Royale” chegar às telas de todo mundo em 2006 que o fascínio foi instantâneo. As feições mais rígidas de Craig se mesclaram com a elegância dos ternos feitos sob medida e seu vigor nas cenas de ação e transformaram o que era rejeição e um sex symbol, no auge dos seus 38 anos. Nove anos depois, o britânico encerra sua jornada no papel do espião mais cobiçado e amado em uma produção que se despede a todo momento do público, finalizando honrosamente uma das melhores trajetórias de James Bond.

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“007 Contra Spectre” vai à raiz de James Bond, mas não nos mesmos parâmetros que o brilhante “Skyfall” fez. O capítulo final de Daniel Craig, lindamente trajado nos ternos desenhados pelo estilista Tom Ford, é marcado por uma viagem aos anos primorosos do espião, trazendo a organização Spectre para o centro da produção após 32 anos desde sua aparição (que data 1983, em “007 Nunca Diga Nunca”). Presente em oito filmes da saga de James Bond, a instituição volta a ser o centro dos conflitos e nos reapresenta a Blofeld, desta vez vivido por Christoph Waltz. Trazendo vestígios de Skyfall para o núcleo da trama, “Spectre” reacende nossa memória com os aspectos que mais nos cativaram no penúltimo filme, abordando a espionagem por um viés mais intimista e emocional, voltando também às memórias de Bond.

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Nesse sentido, o roteiro caminha lindamente. Por se tratar do filme de despedida de uma das melhores fases de James Bond desde Sean Connery, Sam Mendes e seu quarteto de roteiristas alimentam em nós o sentimento saudosista, nos levando a uma epifania onde percorremos rapidamente por todos os quatros filmes da era Craig. Ampliando ainda mais o alcance e abrangência da organização Spectre, o filme nos apresenta à instituição como algo novo para alinhar os novos fãs a uma saga que percorre décadas e gerações, à medida que remete ao passado glorioso em detalhes como o icônico carro de Bond, o Aston Martin de 1964, e aos vilões que contribuíram para a consagração da era 2006-2015.

O sentimento de despedida ao longo das mais de duas horas de filme surge também no roteiro em si. A fusão da MI6 com outra organização coloca todo o sistema de espionagem da instituição em um eminente colapso, a ponto de sucumbi-la em níveis tão profundos que o seu próprio corpo de espiões deixaria de existir da forma como o conhecemos. O fim que parece nos alcançar após incansáveis nove anos ao lado de Daniel Craig percorre também os átrios da MI6 e o adeus parece estar cada vez mais próximo, em todos os âmbitos. O sentimento de perda se estende ao filme, o que torna as despedidas ainda mais duras de serem ditas.

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Em se tratando de direção, Sam Mendes se mostra a vontade com o elenco, trazendo seu estilo pessoal para um filme de espionagem, dado corpo (mais uma vez) a uma produção que não se trata apenas de tiros e pancadaria. Explorando sua ótica já vista em seus filmes “Beleza Americana” (2000) e “Foi Apenas Um Sonho” (2008), ele une o simbolismo da profundidade do olhar e das reações do elenco em cena, enquanto também se mostra versátil em momentos mais rápidos, como em uma brilhante sequência nos primeiros 10 minutos de filme, de um duelo emblemático entre Bond e Marco Sciarra (Alessandro Cremona), a bordo de um helicóptero em uma quase espiral alucinante. Para deixar sua marca na direção, o cineasta logo começa com um simples plano-sequência, que pode passar despercebido para os mais distraídos, mas já nos imprime sua assinatura logo de cara. Quanto à abertura, sempre um espetáculo a parte, a canção “The Writing Is On The Wall” soa mais cativante agora que está contextualizada, isso para aqueles que se mostraram avessos a musica, em primeira instância (o que não foi o meu caso).
A única fraqueza de “007 Contra Spectre” está em nos permitir ficar à deriva em relação à personificação de Blofeld de Christoph Waltz. O ator sempre nos surpreende por sua versatilidade e irreverência e vê-lo como o grande vilão da produção gerou todo tipo de expectativa, que saberíamos que seria muito bem superada. No entanto, a fraca caracterização do personagem por parte dos roteiristas e sua real aparição tardia nos deixam no vácuo, a espera de algo que nos é prometido no trailer, mas não foi entregue. A falha não está em Waltz, que faz das tripas o coração, replicando a clássica cicatriz de Blofeld, que corta parte do rosto, com um pavor ideal. A falha está na composição do personagem, que não faz jus ao ator e o reduz a um vilão esquecível, diferente daquele vivido por Javier Bardem. A comparação entre ambos é extremamente pertinente, pois mostra o que uma boa caracterização é capaz de fazer em cena.

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Quando caminhamos em direção ao final de “Spectre”, novamente somos tomados por aquela sensação inevitável do fim de um ciclo. E todo esse simbolismo do adeus é algo que vemos clinicamente pontual apenas nessa fase de James Bond. É estranho pensarmos que aquele que era rejeitado agora não que ser liberado e as despedidas frequentes em “Spectre” e direção de Sam nos salientam o desejo de fazer isso de forma memorável. Afinal de contas, talvez esse seja o personagem mais difícil de desprender depois da soberba performance de Daniel Craig, que precedeu o fraquíssimo desempenho de Pierce Brosnan. E a música tema de Sam Smith extrai justamente isso. O escrito na parede é o nome de James Bond, dentre tantos outros que “serviram bravamente”, e agora ele pendura seu blazer em um adeus sublime. Mas ainda que o fim seja um fim, nós sabemos que para cada encerramento, há sempre um novo começo. E quem sabe ele não seja com Idris Elba, para dar sequência na quebra de protocolos.

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Crítica Perdido em Marte ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

Se existe alguém confortável com a plenitude espacial, o “estar à deriva” e todo o conceito futurista, é Ridley Scott. O cineasta já percorreu por outros horizontes, recentemente se entregou ao épico bíblico com “Êxodo”, mas seu ambiente familiar sempre foi e será o sci-fi. É natural, tal como ligar Steven Spielberg à blockbusters e produções históricas. Existe uma ligação plena e admirável, como se ambos pertencessem a esses espaços. E eles nunca nos deixam na mão.

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Ridley Scott pode ter falhado em alguns aspectos com “Prometheus” e isso pode até ter gerado uma certa desconfiança no público mais cético quanto a abordagem que a adaptação “Perdido em Marte” poderia trazer, mas convenhamos, o cineasta está em casa. E como alguém que se sente a vontade, ele nos imergiu na quase desconfortável solidão de um astronauta que não se rendeu ao abandono em uma terra de ninguém. Literalmente.

Marte está em fase de exploração, apresenta recursos naturais limitados e a subsistência da vida humana é quase impossível. Condições tão desesperadoras compõem o cenário perfeito para o drama de um homem só, deixado no planeta e dito como morto. Sem proporções e previsões otimistas, “Perdido em Marte” poderia ser aquele tipo de filme sobre aquele tipo de personagem, naquele contexto onde não há vida, nem perspectiva dela. A produção poderia seguir por esse viés, elevando a dramaticidade às alturas, o que é totalmente compreensível. Mas fugindo da intensidade extrema e da vertigem angustiante que sci-fis espaciais sempre promovem na audiência, Ridley Scott nos entrega um doce drama, regado de humor e otimismo, em uma terra onde a única vida que pode ser gerada cabe a um único e isolado astronauta. E ao seu senso de humor.

Quando estamos diante de um filme em que a história é centrada em apenas um personagem, é fundamental que ele seja bem construído, independente do ângulo ser dramático (como lindamente executado com Sandra Bullock em “Gravidade”), ou cômico. Por se tratar de um “monólogo”, a abordagem é crucial e define que tipo de relacionamento o público vai desenvolver com a figura que nos é apresentada. Considerando a premissa original do livro que deu origem à produção, de Andy Weir, Scott transforma a narrativa feita em primeira pessoa em um diálogo de um homem só, com a ajuda das adoradas GoPros. E de repente, a solidão quase desconfortável citada logo no começo sede espaço para um engraçado astronauta, experiente em botânica e disposto a sobreviver com seus recursos limitados até um futuro resgate.

Adaptar um livro todo feito em primeira pessoa é desafiante, uma vez que a dinâmica escrita nem sempre funciona tão bem nas telas de cinema. A roteirização de Drew Goddard casou com o estilo peculiar de filmagem do cineasta, que costuma usar cerca de quatro câmeras simultaneamente para pegar diversos ângulos de cena e interpretação. No final das contas, entre momentos pontuais na sede da NASA e do resto da tripulação em outra missão, estamos diante apenas de Matt Damon, com seu protagonista Mark Watney, que deve nos convencer com seu carisma, senso de humor e habilidades físicas e químicas. E ele consegue como ninguém.

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O relacionamento de Matt com a câmera é espetacular. Suas cenas são longas, com diálogos extensos regados por sua única perspectiva, na esperança de que essas filmagens alcancem alguém além dele mesmo. Não sei se neste caso é possível dizer que o personagem quebra a quarta parede, dialogando com a audiência. Afinal, as filmagens possuem o objetivo claro de chegar até a NASA. Mas a dinâmica acontece dessa forma e ao decorrer do filme nos identificamos com seu anseio por sobrevivência, ânimo e empenho em construir uma vida temporária. A empatia não surge pela ligação familiar de Mark Watney, elo normalmente usado em produções como essa. Nossa conexão com o personagem se dá única e exclusivamente por sua construção e por nos identificarmos com ele. Embora seja um astronauta com grau de inteligência elevadíssimo, em cena, Mark Watney é apena um homem criativo em busca da sobrevivência.

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O desenvolvimento tão natural do personagem de Matt Damon é fruto também da dinâmica de backstage entre os atores e Ridley Scott. Com um elenco totalmente experiente e suficiente para chamar a atenção na grade de programação dos cinemas, o cineasta trouxe para telas vestígios do relacionamento entre todos quando as câmeras estão desligadas. Segundo Scott, “esse é um daqueles filmes em que laços são formados”. Mais um aspecto perceptível na produção.

O que também torna “Perdido em Marte” um filme fascinante e que se destaca de outras produções do gênero é a precisão nas informações trazidas em telas e a simplicidade nisso. Não é necessário conhecimento prévio ou técnico do espectador, mas tanto o escritor do livro como o roteirista foram amparados pela NASA. Enquanto Andy Weir fez cálculos diversos tornando seu primeiro livro em uma ficção baseada em dados reais (além de ser um dos favoritos do órgão federal), o roteiro faz uso de números pré-existentes da instituição. Eles estão ali para garantir que não haja suspensão de realidade nos momentos mais preciosos do filme, à medida que não se prolonga em vastas explicações científicas, que deixam a audiência confusa. O que você precisa entender é: Mark Watney deve ser trazido de volta para Terra de forma prática e viável.

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Com um viés puxado para o entretenimento, uma trilha sonora toda embasada na Disco Music dos anos 70 e um leve toque de drama (para garantir o frenesi no clímax do filme), Ridley Scott volta a sua boa forma, se é que um dia a deixou. Trazendo no elenco gente como Jeff Daniels, Jessica Chastain, Chiwetel Ejiofor, Kate Mara e Kristen Wiig, “Perdido em Marte” não desaponta nem o público e nem a NASA, conseguindo o grande e raro trunfo de agradar gregos e troianos no melhor estilo sci-fi.

Crítica “O Agente da U.N.C.L.E.” ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

Uma espécie de crise de identidade paira sobre Hollywood. Nunca vimos tantas produções derivadas de outras surgirem como nos últimos meses. Histórias que já foram contadas e carregam em si o estigma de clássico, mas voltam para as telas pouco a pouco para uma nova geração. Como “donos” (que nós mesmo nos auto-intitulamos) das décadas de 1980 e 1990, dói ver um novo remake, reboot ou spin-off surgir. Sempre paira aquela sensação temerosa de que nada pode superar o que já foi feito. Ou o medo de que isso aconteça de forma que rompa com a nossa ligação com o passado cinematográfico.

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“O Agente da U.N.C.L.E” entra como parte desse imaginário tão bem concebido há décadas atrás, mas que agora encontra um público que, possivelmente, olha para as siglas U.N.C.L.E e é incapaz de tirar qualquer definição além de “tio”. A diferença, é que o produto original não é de um passado recente, tão pouco foi nos apresentado em intervalos de tempo curto, como tem acontecido como a adaptação de Spider-Man. “The Man From U.N.C.L.E” é dos anos 60, época de boa parte dos pais com filhos nascidos nos anos 80/90. Época em que o extinto canal brasileiro TV Excelsior a exibia como parte de sua programação semanal.

E a série de TV se perpetuou, mesmo após seu cancelamento em 1968. Fez uma união improvável no auge da Guerra Fria, colocando norte-americanos e soviéticos como partes de um projeto muito maior que todo e qualquer ego, poderio bélico ou intriga pós Segunda Guerra Mundial: a proteção do mundo. Se apropriando da popularidade dos filmes de James Bond, o cenário hollywoodiano une o amor pela tecnologia ainda precária com bugigangas extravagantes, a beleza e impecabilidade dos agentes secretos e o humor que quase beira ao pastelão de Peter Sellers, com a pitada exata que nos trouxe uma das melhores séries do gênero. O porque dessa vasta introdução? O cineasta Guy Ritchie entendeu que clássicos são inerentes ao tempo, mas que eles sempre podem ser revisitados como se fosse a primeira vez.

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Em “O Agente da U.N.C.LE” temos o mesmo cenário histórico, com o Muro de Berlim dividindo a Alemanha Ocidental da Oriental, dificultando cada vez mais o sonho capitalista de uma parte da nação que permanecera refém do comunismo forçado. O desejo de uma vida próspera no lado de lá do muro une Napoeleon Solo (Henry Cavill), Gaby Teller (Alicia Vikander) e na pior das hipóteses coloca lado a lado como parceiro do alinhado americano, o russo Illya (Armie Hammer). Um plano de fundo caótico que reflete diretamente no plano central. O que poderia dar errado?

Em termos de produção, nada. Se esquivando da mesma premissa que a saga cinematográfica “Missão Impossível” optou, ao ignorar a construção da série original de mesmo nome que perdurou por sete temporadas entre 1966 e 1973, “O Agente da U.N.C.L.E” abraça seu papel histórico que a definiu como um sopro de vida nos tempos de outrora e constrói uma história simples, que consegue ser contemporânea, ainda que o ano seja 1964. Cuidadosamente bem executada, a produção entende o timing exato para o humor entrar em cena, não gerando choques de gêneros que poderiam comprometer o objetivo da trama, que é ser um filme de ação sério. Mas não tão sério assim.

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É uma linha tênue, quase imperceptível que separa filmes de ação escrachados e exagerados de bons filmes de ação leves. Perceber onde está essa delimitação é um desafio muitas vezes fracassado por cineastas. Deu errado em “Homem de Ferro 3”, que na tentativa de ser leve, mas com momentos impactantes, se torna “engraçaralho”, desconstruindo os personagens e a trama a cada cinco minutos e confundindo o espectador, que não sabe muito bem como se portar diante do que lhe é apresentado. “U.N.C.L.E” vai pelo caminho inverso e acerta perfeitamente. Os momentos cômicos trazem o ar contemporâneo do filme, pois são atemporais. A comédia não reside no contexto histórico, não exige do espectador mais despretensioso um conhecimento prévio para de divertir. O cômico vem do viés de Peter Sellers e de seus clássicos como “A Pantera Cor-De-Rosa”: que seja apenas engraçado. Para todos.

Como roteirista, Guy Richie acertou como nunca! Uniu o humor atemporal sem torná-lo pastelão, mantendo a autenticidade do filme como sendo do gênero de ação. Não há desconstrução, tão pouco confusão. Você ri, sabe porque está rindo, mas continua levando o filme a sério. As rápidas cenas de ação, bem arquitetadas e coreografadas, sustentam isso, ao lado do cenário histórico que é extremamente sério.

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Crítica Quarteto Fantástico ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

Expectativas costumam ser uma espécie de termômetro para grandes produções. Dependendo da repercussão que o filme em questão gera na mídia, nosso entusiasmo vai crescendo vertiginosamente, podendo se tornar até tóxico e gerar um efeito reverso. Aquele de que o que nos foi prometido não foi entregue, nos deixando à deriva, naquele vazio terrível chamado frustração. Não que o novo “Quarteto Fantástico” tenha alimentado isso em nós como outras adaptações de super-heróis, mas o fator “reboot” foi crucial. Afinal, a última lembrança que temos não é nada agradável.

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E, honestamente, o reboot de 2015 é realmente melhor do que o apresentado há exatos 10 anos. Mas isso também não serve como trunfo para alavancar a produção para o hall de grandes adaptações de quadrinhos. A Fox parece não acertar a mão em se tratando desse quarteto de heróis e quando soluciona uma parte do problema originado em 2005 (maturidade na abordagem da história), ela peca no desenvolvimento da trama.

Enquanto em 2005 “Quarteto Fantástico” se perde em um conto cheio de falhas em relação ao material original, efeitos especiais medianos e uma história um pouco ‘infantilóide’, em 2015 os produtores parecem estar cheios de dedos, receosos de não apresentar os personagens corretamente e repetir o erro. Tanto preciosismo acabou resultando em uma produção que explica demais, nos levando por mais de uma hora afoitos por algo que vá além do “era uma vez”.

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O efeito introdutório percorre toda a produção, tornando-a arrastada em alguns momentos. A falta de equilíbrio em apresentar os personagens (que começou muito bem no início) e em desenvolver uma trama com maior impacto torna o filme superficial. E não se trata de trazer qualquer artifício ‘cult’ demais para tentar gerar uma falsa sensação reflexiva no público, afinal estamos falando de uma adaptação de quadrinhos leve. Se trata, de fato, em aprofundar a trama em níveis de ação, chegando ao limite máximo imposto pelo PG-13.

E talvez esse tenha sido um dos grandes problemas. As limitações que a classificação PG-13 impõe sobre as produções podem prejudicar o desenvolvimento da trama, impedindo que a história siga com uma continuidade melhor. Além disso, estamos diante de um filme onde o grande chamariz, as cenas de ação impactantes, é ofuscado por esse péssimo desenrolar. Ao longo das duas horas não encontramos uma cena capaz de tirar o fôlego e eletrizar o público. É tudo muito superficialmente abordado.

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Ainda assim, a chegada do clímax de “Quarteto Fantástico” alimenta em nós aquela sensação de que talvez o melhor esteja sendo guardado para o final, mas nem o “grande momento” da produção atinge seu cume mais alto. Somos novamente deixados à deriva, no limbo da frustração.

De todas as falhas presentes no recente reboot, talvez uma das mais conflitantes para o público entendedor de cinema é o mau aproveitamento do elenco. Desta vez, “Quarteto Fantástico” nos apresenta jovens atores de peso com currículos valiosos (Michael B. Jordan é o “menos” experiente, mas talentosamente assume o protagonismo no spin-off “Creed”). Com Kate Mara (Mulher Invisível), Miles Teller (Senhor Fantástico), Michael B. Jordan (Tocha Humana) e Jamie Bell (Coisa) em mãos, a dinâmica entre os atores poderia ter sido mais bem explorada, considerando o viés dramático presente na carreira do quarteto de atores.

Próximo ao fim do filme, vamos descobrindo da pior forma que a trama não tem mais para onde caminhar e que a produção se resume parcialmente no que vemos nos trailers divulgados. Nossa expectativa é derrubada ferozmente com um encerramento fraco, que não nos deixa entusiasmados ou se quer intrigados para o que poderá vir nas próximas continuações. Isso se elas realmente acontecerem.

Crítica Pixels ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

A nostalgia oitentista está ai, mais viva do que nunca. Nos últimos três anos temos vistos muitas paixões da época voltarem ao cinema, de uma forma ou de outra. Seja com a animação “Detona Ralph”, feita para crianças, mas atraente mesmo para adultos, seja com remakes de clássicos adorados e até então intocados, como “Robocop” e “Os Caça-Fantasmas” (ainda em pré-produção). A época está em alta. Todo mundo quer tirar uma casquinha dos anos 80 e qualquer produção que traga algum vestígio, sombra ou gostinho dos maneirismos da época, ganha nossa atenção. Quem nasceu ou cresceu nesta década entende melhor do que ninguém por que fomos atraídos para assistir a mais nova produção de Adam Sandler, “Pixels”.
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Diante do trailer, não sabemos muito bem do que “Pixels” se trata. Existe um tom apocalíptico e viés oitentista, mas nada além disso é explicado ou melhor explorado no curto tempo. E, de fato, não necessariamente existe essa necessidade de soar explicativo em um trailer. E como produções que seguem a linha apocalíptica também estão em alta (“Jogos Vorazes”, “Elysium” e “Oblivion”), Adam Sandler conseguiu nos cativar sem dizer nada. Talvez também porque o filme não tenha nada a dizer.

Dentro da trama, o mundo se torna uma enorme tela de fliperama, onde o alvo é a dizimação do planeta e, consequentemente, da raça humana. O futuro está nas mãos dos Arcaders, os jogadores de fliperama Sam Brener (Adam Sandler), Ludlow Lamonsoff (Josh Gad) e Eddie Plant (Peter Dinklage), com o apoio da coronel Vanessa “Van” Pattern (Michelle Monaghan) e do presidente William Cooper (Kevin James). Com a expertise desses personagens, eles vão lutar contra os mais populares jogos do Atari, Galaga, Frogger, Space Invaders, Pac-Man, Centopeia e o clássico da Nintendo, Donkey Kong.

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Como comédia, a produção não entrega momentos extasiantes, onde nos perdemos com tantos risos e momentos realmente engraçados. Ela possui seus vislumbres cômicos, alguns breves espaços no tempo onde nos divertimos, mas não segura esse ritmo até o final. Por se tratar de um filme composto única e exclusivamente por referências, tais memórias deveriam reativar aquele sentimento nostálgico que os nascidos e crescidos nos anos 80 carregam em si.

Cada lembrança, cada sacada oriunda da época deveriam nos levar de volta a uma deliciosa epifania, mas não é o que acontece. As piadas são um tanto vazias e não exploram com maior profundidade os maneirismos da época que até hoje ecoam por seu simbolismo. Como dito anteriormente, são vislumbres. Momentos que poderiam ser hilários, mas que não passam de engraçadinhos.

As referências em si são divertidas e contribuem para a experiência nostálgica no cinema, ainda que em linhas gerais ela seja fraca. Por se tratar de games muito famosos e que possuem um papel fundamental na construção cultural de toda uma década e geração, a comédia se firma nesse aspecto e talvez seja isso que faça com que alguns realmente aproveitem o filme em sala. Afinal, estar diante de clássicos pixelados em uma época onde os consoles cabem no bolso desperta uma sensação gostosa da infância que as gerações atuais perderam. E como todos temos uma válvula nostálgica, recordar é sempre viver.

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Mas a ideia do filme é muito boa, pois parte da premissa que une dois elementos exageradamente usados no cinema hollywoodiano atual e os satiriza, à medida que serve como um banquete nostálgico, para o deleite dos mais velhos. O problema está na execução dessa teoria, que não foi tão bem feita. Talvez a sombra que tem acompanhado os últimos filmes de Adam Sandler (ruins de bilheteria, sacadas cômicas e arrecadação) tenha pairado sobre “Pixels”, tornando a comédia, que tinha tudo para dar certo, em um filme que falha no principal ponto, que é ser realmente engraçado.

Ao final de tudo, estamos diante de uma produção que não extrai o melhor de nós, tão pouco entrega o melhor de si. Saímos da sala meio alheios ao que vimos, sem saber exatamente qual foi a sensação mais forte que sentimos: nostalgia, graça ou a falta dela. Com piadinhas bobinhas, “Pixels” é mais um filme meia-boca de Adam Sandler, que tinha tudo para ser realmente divertido, mas nos deixou à deriva, esperando pelo grande momento hilário. Na ficção, o mundo pode até ser salvo, mas na vida real, o comediante, que possui no currículo uma ótima trajetória iniciada com Saturday Night Live, está mais morto que os nossos amados clássicos oitentistas estão para a atual geração.

Crítica Homem Formiga ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

De todos os heróis da Marvel, é certo que o “Homem-Formiga” não faz, tecnicamente, parte do hall de estrelas, como aqueles personagens que figuram o imaginário infantil, que despertam o espírito e desejo heroico e que caem no gosto quase instantâneo do público geral. Sua história é mais uma da leva de criações do adorado Stan Lee e de todos os seus trabalhos, este talvez seja um dos que menos se destaca. Até agora.Homem-Formiga

 

A Marvel Studios entendeu a forma como deve trabalhar com seus personagens e desde os “Guardiões da Galáxia”, uma das grandes surpresas de 2014, parece ter encontrado a fórmula perfeita para fazer filmes divertidos, um tanto despretensiosos e que agradam diversos nichos simultaneamente.

Com “Homem-Formiga” a história se repete. O estúdio trouxe da estante empoeirada com inúmeros quadrinhos pouco populares o menor personagem de seu leque (literalmente) e conseguiu fazer de uma figura classificada como “underdog”, um herói que abraça sua reputação menosprezada e transforma isso em um trunfo com momentos cômicos tão naturais, que nos indagamos porque demoraram tanto para trazê-lo às telas.

E talvez a resposta a essa pergunta seja respondida com um nome: Paul Rudd. A escolha do ator para interpretar Scott Lang já dava traços do viés optado pelo estúdio quanto à roteirização e tom do filme, mas vê-lo em cena encarando um herói irreverente e que foge os padrões aos quais estamos mais acostumados, é ainda mais saboroso. A princípio, nenhum outro nome vem à mente para fazer com tanta sutileza e leveza o que Paul fez.ant-man-trailer-2

Ser um dos quatro roteiristas do filme também fez de “Homem-Formiga” uma produção com a cara do ator. Ele trouxe vestígios do seu humor despretensioso e provavelmente assina as melhores sacadas que vemos em cena. O entrosamento com o elenco é extremamente natural e somos apresentados às figuras caricatas como Luis (Michael Peña), que traz todos os maneirismos e linguajar mexicanos, sendo um dos grandes elos que dita o ritmo do filme.

Ao abraçar as limitações de seu personagem, considerando a opinião pública de que “ele é um herói sem muita moral”, a Marvel traz um equilíbrio, que segue a mesma vertente mostrada anteriormente com “Guardiões”, mas por outra perspectiva. Para que a seriedade das cenas de luta não gerassem sentimentos dúbios naqueles que pouco se apoiam no herói como um personagem forte, o filme contrabalanceia esses momentos, lembrando o espectador que o Homem-Formiga não, necessariamente, precisa ser levado tão a sério, mas ainda assim sustenta lutas impactantes aos nossos olhos.

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Para dar sequência nos esforços em unificar todas as histórias trazidas aos cinemas, o Marvel Cinematic Universe (MCU) está ali, nos lembrando de que o estúdio não dá ponto sem nó e que, de fato, os diversos personagens possuem um ponto de impacto em algum momento, aquele encontrão, o famoso crossover. E quando acontece no filme, é revigorante.

Com roteiro bem simples e efeitos especiais poderosos (principalmente nas cenas de ação), “Homem-Formiga” conquista o público com sua naturalidade e humor, à medida que entra para o hall seleto da Marvel como um herói capaz de sustentar sua própria produção sem apresentação prévia em outro blockbuster. Paul Rudd conquista os corações daqueles que ainda não o conheciam, Michael Peña se imortaliza como aquela caricatura fiel e divertidíssima da personalidade latina e o público, mais uma vez, é presenteado com uma ótima experiência no cinema. E para não perder o costume, resista à vontade de ir ao banheiro e espere pelas duas cenas extras nos créditos. Vai valer muito a pena.

Crítica Jurassic World ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

Parque dos Dinossauros do bilionário John Hammond era ousado, talvez mais simplista dentro da sua enorme complexidade, mas ainda assim ousado. E embora ele já fosse real em 1993, era desconhecido do resto do mundo, não havia encontrado seu público ainda. Até chegarmos em 2015 e então nos depararmos com as portas de “Jurassic World” se abrindo diante dos nossos olhos vidrados. Finalmente, o Parque dos Dinossauros está aberto ao público.

Talvez você não se lembre, mas na primeira adaptação dos livros de Michael Crichton o parque estava em fase de teste. Após um terrível acidente, era necessário comprovar sua segurança e viabilidade. Em 1993 não deu muito certo, mas bons anos depois o conceito funcionou e somos levados para aquele universo de Hammond, onde homens e dinossauros se encontram e dividem o mesmo espaço.
JW_Logo_3000E o que poderia dar errado? Manipular geneticamente uma criatura tão extinta e tentar domá-la, moldando aos moldes humanos? Todos sabem que isso pode não funcionar, mas tal verdade jamais impediu que esse imperialismo em cima da vida selvagem fosse barrado. E essa teimosia humana em extrapolar os limites é mais uma vez o foco central dentro de toda a trama de “Jurassic World”. Tal como nos primeiros filmes, a sede pela manipulação humana surge novamente e sem perceber, faz uma pequena comparação à brutalidade que vemos se repetir camufladamente em parques como o Sea World.

Talvez para perceber isso seja necessário conhecer um pouco mais do parque de Orlando onde orcas e baleias são enjauladas para o divertimento humano. Talvez exija de você cerca de duas horas do seu dia para assistir ao documentário indicado ao Oscar, “Blackfish”. Independente disso, o quarto filme da franquia bilionária de Steven Spielberg traz um tom maduro suave, ao explorar com mais ênfase a agressão psicológica e escravidão que esses animais selvagens são submetidos a nosso bel prazer. Única e exclusivamente visando o entretenimento.
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E a frieza e postura calculista da chefe de operação do parque, Claire Dearing (Bryce Dallas Howard), evidenciam ainda mais essa crítica social, à medida que se contrapõe com a personalidade de Owen (Chris Pratt). Mas para não se perder dos atributos originais que fizeram de Jurassic Park um dos grandes imaginários infantis e que nos levou por noites a dentro em diversas sessões da Tela Quente, o filme se empenha em manter o tom de blockbuster com protagonistas bem jovens em cenas rápidas de ação, alívios cômicos que quebram a tensão e momentos impactantes. E o melhor, o sangue não nos foi poupado.

Steven Spielberg, como diretor executivo do quarto capítulo da saga, conseguiu manter o mesmo padrão de qualidade que vemos nos dois primeiros filmes dos anos 90. Vidas não são poupadas, tão pouco são nossos corações. Aquele mesmo frenesi de outrora volta e com um gostinho ainda melhor para os que puderam assistir “Jurassic Park” em seu auge.
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E como é bom sermos valorizados como um público fiel! A equipe de quatro roteiristas honra os saudosos ao leva-los para uma breve viagem ao túnel do tempo. Por diversas vezes o nome de Hammond (que possui sua própria estátua no parque, uma referência clara à estátua de Walt Disney em Magic Kingdom) surge, assim como seu projeto original. Não cabe aqui revelar mais do que isso, pode de fato estragar um momento glorioso no filme.

“Jurassic World” prova também que aquelas técnicas que tanto amamos dos clássicos dos anos 90 não só ainda são aplicáveis, como são muito mais eficazes que o “contar histórias” aplicado no cinema hoje. Por conta da restrição PG-13, que limita roteiros às cenas mais leves e de menor impacto, grandes produções que hoje passam por reboots, remakes ou continuações sofrem. A fim de tornar um filme “aceitável” para todos os públicos, boas histórias são picadas diante dos nossos olhos.

Contrariando o que José Padilha errou no remake de “Robocop”, “Jurassic World” vem como um filme capaz de agradar ambos os públicos, incluindo os mais antigos. Ele consegue entrar naquela margem tênue de produção que se enquadra para famílias, uma nova geração de jovens e adultos sem pecar na qualidade fílmica, inclusive no uso da tecnologia CGI. A história é progressiva, segue de forma linear. Aparentemente, Spielberg havia deixado brechas caso um novo filme chegasse. O quarto capítulo se encaixa bem dentro da cronologia do primeiro e isso é revigorante para uma trama com muitas sequências por vir.

O abrir oficial dos portões do novo parque traz um belo recomeço que honra o passado, à medida que traz também aquela mesma sensação doce que a canção tema “Welcome to Jurassic Park”, do brilhante compositor John Williams, nos trouxe lá nos anos 90: de que tudo, absolutamente tudo, ainda pode surpreender seus olhos.

Crítica Mad Max ≈ Cine Verité por Rafaela Gomes

A morte do mundo

Mad Max faz parte de um imaginário de outro período, de outra época. Pertence a outra geração, a outro público. E por ter essa redoma saudosista protegendo a obra, é difícil se desvincular da maestria trazida às telas pela primeira vez em 1979. E desde o primeiro filme até 2015 se passaram 36 anos. Desde “A Cúpula do Trovão”, 30. Novas eras vieram, novos nascimentos, novos públicos, novas percepções do mundo e do cinema. Mas é revigorante saber que George Miller se manteve fiel à característica mais inebriante do cinema do final dos anos 70 e 80: a narrativa que te engole para dentro da tela e dialoga sem falar demais.

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Mad Max dispensa explicações e introduções. E dentro do contexto do filme esta verdade se repete. Sabendo utilizar todos os artifícios que o cinema lhe confere, desde estética geral a elementos específicos que ajudam a compor as cenas e a roteirização, Miller faz o cinema substancial, que dispensa explicações exageradas e ‘contação’ de história. E não me refiro apenas à trilogia de 70/80. Em “Mad Max: Estrada da Fúria”, o cineasta australiano repete o estilo que infelizmente caiu em desuso ao longo dos anos. Ele nos leva de volta àquela roteirização que tanto amamos em filmes como “Warriors: Os Selvagens da Noite” (1979) e “Robocop” (1987). Onde os diálogos são de fato pontuais e complementares e não onde toda a trama reside e subsiste.

E esse artifício talvez seja um dos aspectos mais recompensáveis da experiência dentro do cinema. Saber que ainda existem narrativas bem formadas, onde a trama se auto explica ao longo do desenrolar da história, sem a necessidade de verbalizar tudo, principalmente em uma época onde tantas produções se preocupam apenas em explodir tudo sem pretexto.

E o sentimento nostálgico logo é bem recompensando nos primeiros minutos do filme. Aquela introdução necessária de “Mad Max 2” está lá, quase que perfeitamente reproduzida para o novo filme. E de repente, os mais “antigos” são levados à mesma sensação inicial de quem pôde assistir o clássico de 1981 em seu auge, no cinema, em VHS ou na Sessão da Tarde. Aquela sensação terrível de que algo espetacular está para se destrinchar diante dos seus olhos e não há nada que você possa fazer além de aproveitar a viagem.

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E que viagem! A direção de George Miller nos engole para dentro da tela ao ritmar as cenas em um frenesi neurótico. A aceleração das imagens em determinados pontos transforma a narrativa em um passeio alucinante pela ficção pós-apocalíptica, onde a loucura dos personagens atormenta o espectador, à medida que vamos absorvendo a jornada pela Estrada da Fúria tão bem executada, entre tempestades de areia e o caos armado.

O entrosamento em cena é mais um dos aspectos que permite essa sincronia tão precisa com o público. As cenas de ação são bem arquitetadas e coreografadas, e Miller teve o cuidado de unir a estética dos veículos muito bem criados pelo quadrinhista britânico Brendan McCarthy (também responsável por projetar todo o filme primeiramente em story board ao lado de Miller e um pequeno time), com a ambientação desértica e os personagens, que mesmo alguns sem falas, são extremamente representativos para a concepção final do terror que o clã (por assim dizer) que domina a Cidadela gera por onde passa.

O viés em que Estrada da Fúria segue quebra também uma série de argumentos tão comuns no cinema de ação e ficção, onde a mulher possui papel secundário e substituível. Ao centralizar a trama nelas, apresentando as inicialmente com fragilidade e pequenez, vemos o núcleo feminino liderado pela Imperatriz Furiosa (Charlize Theron) desabrochar diante da tela e a feminilidade dar um pouco de espaço para a brutalidade de quem está cansada de ser coisificada pelo mundo.

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Dentro dessa fortaleza que surge na agora saga de Mad Max, o protagonista encabeçado por Tom Hardy já não se encontra sozinho e vê ao seu lado um novo personagem bem contruído surgir. E ao invés de existir uma fagulha de disputa para saber quem se destaca mais em cena, as duas figuras se complementam de forma que uma sem a outra levaria a trama para outro desdobramento talvez menos interessante. E o filme ainda conta com a surpreendente atuação de Nicholas Hoult no papel de Nux, que conseguiu se destacar diante de tanta coisa em tela.

Com o retorno de Hugh Keays-Byrne irreconhecivelmente como Immortan Joe, “Mad Max: Estrada da Fúria” traz de volta a motivação petrolífera para o caos do mundo, aliado à fome e sede, duas das novas engrenagens mais citadas para uma possível Terceira Guerra Mundial. Em meio à morte do mundo, em uma terra onde a vida tenta resistir diante do fim do verde, George Miller volta a ser notícia por se perpetuar como visionário e nos prepara para o que “Mad Max: The Wasteland” trará para nós em um futuro que, assim espero, não demore 30 anos para chegar.

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