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Mundo Hiperativo

Todo conteúdo de viagens no S&H numa única categoria.

As reais chances de terrorismo nas Olimpíadas 2016

Ninguém está preocupado. O país passa por um momento político conturbado e o interesse da mídia pelas Olimpíadas ficou em segundo plano. Soma-se a isso uma falsa sensação de segurança baseada nos grandes eventos anteriores. A idéia geral nos discursos do governo é de uma acomodação assustadora: “ora, se conseguimos garantir a ordem em uma Copa do Mundo, o que poderia dar errado agora?”

Acontece que os números não transmitem a mesma tranqüilidade. Em termos logísticos uma Copa do Mundo é moleza perto de uma Olimpíada. Só para se ter uma idéia, o campeonato mundial da FIFA trouxe ao país 736 atletas de 32 países. Os Jogos Olímpicos trarão aproximadamente 15.000 competidores provenientes de 206 nações. A quantidade de eventos é também infinitamente maior. Enquanto em 2014 tratava-se apenas de um esporte, em 2016 serão 42 modalidades.

Garantir a segurança em todas essas ocasiões será um belo desafio para as instituições envolvidas. Ainda mais em tempos de corte orçamentário. É provável que as Forças Armadas – por exemplo – recebam para as Olimpíadas uma verba inferior à usada durante a Copa do Mundo. É menos dinheiro para proteger o público e as autoridades internacionais que estarão nas cerimônias de abertura e encerramento, momentos perfeitos para terroristas que procuram legitimar a causa usando a atenção da imprensa.

E para quem acha que o terrorismo global passa longe do Brasil, vale lembrar que a presença de células da Al Qaeda já foi investigada na nossa tríplice fronteira com os vizinhos Paraguai e Argentina. Além disso, a síria Seham Al Salkhadi – suspeita de envolvimento com o Estado Islâmico e com os ataques em Paris em novembro – passou pelo Equador e pela Colômbia antes de voltar para a França em junho passado.

Sem dúvidas é preferível torcer para que tudo corra bem nas Olimpíadas de 2016, mas isso não será suficiente para evitar um possível ataque. Ainda há tempo para preparar medidas que sejam capazes de evitar o pior e tornar esse texto nada mais que uma especulação pessimista.

Pedro Schmaus

Nada é mais perigoso que um idiota com iniciativa

Lembra daquele seu amigo burro do Ensino Médio? Aquele que só conversava de um assunto e odiava todas as matérias? Aposto que hoje ele adora compartilhar opiniões no Facebook. Aborda temas políticos, criminologia, porte de armas, aborto, feminismo, comunismo – enfim – a própria enciclopédia Barsa comentada. O que aconteceu com aquele singelo ignorante do passado? Ele passou a acessar a Internet.

Lá encontrou uma porrada de textos curtos com explicações rasas sobre tudo que existe. “Por que diabos complicaram tanto na escola se esse blog me ensinou o que é capitalismo em 30 linhas?”, ele se pergunta orgulhoso das noções recém adquiridas. Continua burro, mas agora iludido pela (des)informação. Sua falta de senso crítico o impede de notar que as grandes questões requerem um pouco mais de esforço intelectual, algo que ele sempre se mostrou incapaz de fazer.

O pior é que esse cara logo se envaidece com o nível de conhecimento que julga ter adquirido. Olha-se no espelho e pensa: devo compartilhar com todos a sabedoria que adquiri lendo essas duas laudas. Vai para as redes sociais com suas sentenças prontas e arrebanha outras almas semelhantes, mais gente orgulhosa do próprio “saber”. Gente que reduz um problema complexo a uma frase de efeito.

Antes o idiota era passivo, mas a Internet o deixou cheio de si. O ser que surge desse contexto é o maior problema do século XXI. Em breve ele fará um grande mal à humanidade uma vez que nada é mais nocivo que um idiota com iniciativa.

Pedro Schmaus

O TripAdvisor e a venda de avaliações na internet

O dono de um albergue em Atenas recebeu um e-mail. No texto um desconhecido oferecia avaliações positivas no site Tripadvisor a um custo de 5 euros cada. A proposta incluía um pacote promocional e um cronograma de inserções para não levantar suspeitas. O proprietário não respondeu. Na semana seguinte recebeu outro e-mail do mesmo remetente com uma mensagem perturbadora: “quem não quer pagar para receber avaliações positivas acaba recebendo avaliações negativas de graça”.

Caso semelhante ocorreu na Bahia. Um restaurante começou a receber críticas sistemáticas em sua página no Tripadvisor. O estabelecimento – por anos considerado um dos melhores da região – passou a perder clientela por causa das más avaliações. O dono soube que seus concorrentes tinham contratado alguém para destruir a reputação de sua empresa na internet. Em desespero pediu a um advogado para providenciar a retirada do restaurante do site, mas para sua surpresa soube que o processo era longo e quase impossível.

As almas pequenas e o casal de viajantes que limpa banheiros

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Foi com muita comoção que a internet recebeu notícias do casal Chanel Cartell e Stevo Dirnberger. Depois de “abandonarem tudo” para dar uma volta ao mundo e depois de publicarem lindas fotos da viagem no Instagram, os dois confessaram que precisam limpar banheiros para manter a aventura em curso. É claro que essa constatação – tão óbvia para qualquer um que já tenha viajado com a cara e a coragem – causou furor nas almas pequenas. Muita gente se encheu de prazer ao perceber que o casal pagou o preço de sua ousadia. “Vejam esses otários limpando a merda dos outros! Agora sabem que a vida não é brincadeira!”, certamente disseram os mais exaltados.

É difícil para nossa sociedade – sempre sedenta pela falsa sensação de segurança e estabilidade – entender que o casal sul-africano não se deu mal. Talvez tenham passado uma falsa impressão por causa das lindas fotos nas redes sociais, mas foram completamente sinceros ao admitirem suas dificuldades. Sim, amigos, tudo tem seu preço. Nesse momento Cartell e Dirnberger lavam algum banheiro em alguma parte do mundo para continuar a aventura que é a realização do sonho deles. E você? O que anda fazendo pelos seus sonhos? Está disposto a pagar o preço?

Um abraço!

Pedro Schmaus

A sabedoria da estrada

Bedouin Arab John Singer Sargent

Um jovem Príncipe ansiava por assumir o trono, mas o Rei ainda duvidava de sua competência para governar. A fim de testar as capacidades do filho, o velho monarca prometeu lhe conceder imediatamente o reino caso ele respondesse corretamente a três questões. O Príncipe aceitou a proposta com tanta certeza de sucesso que não cogitou perder. Ouviu atentamente as perguntas do pai:

Rei: como se adquire o verdadeiro conhecimento?
Príncipe: por meio dos livros e dos sábios.

Rei: como se exerce influência sobre os súditos?
Príncipe: usando o dinheiro e o poder que ele proporciona.

Rei: qual é o reino mais perfeito que existe?
Príncipe: certamente é o nosso.

Muito decepcionado, o soberano abraçou o filho e lhe disse que nenhuma das respostas estava correta.

Príncipe: o que queres que eu faça agora que não fui capaz de passar no teu teste?

O pai ordenou que o filho viajasse por três anos ininterruptos. Deu-lhe um pouco de dinheiro e prometeu que o reino seria dele quando voltasse. Mesmo contrariado, o Príncipe aceitou as ordens de seu Rei e partiu sozinho para conhecer o mundo. Na estrada observou a vida das pessoas comuns e agradeceu sua sorte pela vida que tinha no palácio. Quando o dinheiro acabou precisou aprender a convencer qualquer um que pudesse lhe ajudar. Usava sua retórica para cativar amizades. Contou com a solidariedade de desconhecidos e mesmo com poucas condições também conseguiu ajudar os outros. Viu com os próprios olhos reinos melhores e maiores que o dele. Viu também lugares muito pobres e pouco desenvolvidos. Um dia voltou ao reino.Foi recebido com alegria, mas via-se que estava mudado. Seu pai refez as mesmas perguntas:

Rei: como se adquire o verdadeiro conhecimento?

Príncipe: por meio dos livros e dos sábios, mas principalmente através da experiência.

Rei: como se exerce influência sobre os súditos?

Príncipe: usando o conhecimento e sabedoria, as únicas virtudes capazes de realmente cativar as pessoas.

Rei: qual é o reino mais perfeito que existe?

Príncipe: não existe reino perfeito. Mesmo os maiores e mais ricos têm problemas, mesmo os menores e mais pobres possuem virtudes.

O Rei então deu um longo abraço no filho. “Está preparado para ser um soberano”, disse orgulhoso. Para surpresa de todos o Príncipe respondeu:

Príncipe: me perdoe meu pai, apenas voltei para me despedir. Hoje sou um homem livre por causa das lições que aprendi e sendo livre não posso me estabelecer aqui. Tornei-me um viajante. Agora não há trono que possa substituir a experiência de conhecer o mundo. A estrada é o meu lar.

O Príncipe beijou o rosto do pai e partiu sem olhar para trás. Não reivindicou dinheiro ou qualquer posse. Já tinha tudo o que precisava. Em vez de tornar-se o soberano de um único reino, viajar acabou tornando-o soberano do mundo todo.

Um grande abraço!

Pedro Schmaus

Quando o sucesso disfarça o fracasso

dinheiro

Lisandro e eu frequentamos a mesma padaria. Ele é um idoso animado, adora puxar conversa com os clientes sobre qualquer assunto que encontra no jornal do dia. Quem não o conhece acaba correspondendo, mas os fregueses antigos preferem evitá-lo. É que o Lisandro é um homem preconceituoso. Já o peguei dizendo que “na ponte dá muito acidente porque é por ali que passa o pessoal da favela. Pobre não devia ter carro! São uns facínoras!”. Certa vez algumas pessoas se retiraram quando ele afirmou ter sido patrão de uma empregada “negra, mas que trabalhava como branca”.

Lisandro não perdoa ninguém. Mesmo seu irmão Jaime – um senhor gentil que vez ou outra o acompanha no café-da-manhã – também é vítima dos julgamentos. “Esse aí nunca quis nada. Quando era novo foi para a Guiana atrás de aventura, não queria trabalhar. Vive com salário mínimo, só vem num lugar como esse quando eu trago”. O irmão mais velho não se abala. Continua tomando seu chá, ignorando a platéia consternada.

Um dia resolvi conversar com o Jaime. “Qual é a do seu Lisandro?”. Para minha surpresa, seu tom de voz era muito assertivo. Não batia com as atitudes mansas que demonstrava no balcão da padaria. Falava em um tom reflexivo.

Sabe, a gente tem que ter paciência. O meu irmão é uma pessoa sozinha. Você viu como ele quer conversar com todo mundo? É porque ninguém conversa com ele em casa. Às vezes venho aqui fazer companhia, mas aí já viu, ele fica dizendo que sou pobre. Na verdade sempre gostei de viver com simplicidade. Moro em uma casa decente, meus filhos me amam. Se você for pensar bem, pobre é ele. Encheu-se de dinheiro, mas nunca aprendeu a ser uma boa pessoa.

O mochileiro moderno não passa de um clichê

Não importa se o destino é uma cidade repleta de calçadas lisinhas. Mochileiro moderno que se preza carrega toda sua bagagem nas costas, mas nunca usa uma mala de rodinhas. Não lhes interessa ações de ordem prática. O importante é manter a aura de aventureiro. Na composição desse estranho personagem – além da mochila que passa quase um metro acima da cabeça – estão as misteriosas fotos de costas para a câmera. Nessas imagens peculiares eles encaram o horizonte em uma ridícula simulação de espontaneidade. Há também a barba por fazer, os dreadlocks e o jeitão maltrapilho. No entanto, talvez as maiores características do mochileiro moderno sejam sua orgulhosa sovinice e seu chato monopólio da chamada “viagem de verdade”. É fácil encontrá-los se gabando de ter dormido em um pulgueiro só para economizar um dólar por dia como se desconforto proposital pudesse ser sinônimo de aventura. De onde surgiu uma bobagem dessas?

A incrível cerimônia de arriação da bandeira na fronteira entre Índia e Paquistão

A cada entardecer os soldados que protegem a fronteira entre Índia e Paquistão realizam uma apresentação bem peculiar. Durante a arriação da bandeira de ambos os países, os militares fazem uma pequena disputa para mostrar todo o seu patriotismo. A Cerimônia Wagah é tão famosa que já se tornou uma atração turística acompanhada por milhares de turistas.