Como se construíram as Pirâmides?


piramidepipaclemmons21hj.jpgA construção das pirâmides parece ser um mistério ao inverso. Sabemos quem, quando e onde, embora não exatamente como. E não sabemos justamente por haver um número sem fim de idéias e teorias propostas até hoje. Não faltam formas pelas quais os antigos egípcios, há 4.500 anos, no planalto de Gizé, poderiam ter erigido as maravilhas do mundo antigo. Ainda que algumas sejam bem menos plausíveis que outras.

Bem menos plausíveis.

Tome como exemplo a teoria da californiana Maureen Clemmons. Segundo ela, os egípcios dominaram a sofisticada tecnologia das… pipas. Papagaios, pandorgas mesmo, levantando blocos de toneladas ao ar. Inacreditável? Abra sua mente para uma breve revisão de algumas das mais tresloucadas propostas piramidais.

RABIOLA
Nós sabemos que os antigos egípcios se aproveitavam do vento e do Nilo em seus barcos. A região conta com ventos razoavelmente constantes vindos do noroeste, o que faria a alegria da garotada. E de Maurice Clemmons, para quem o disco alado de Hórus seria nada menos que uma enorme pipa.

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Pandorga de Hórus

As “evidências” de Clemmons não parariam aí. O ankh, um símbolo de vida pervasivo na cultura, seria originalmente uma ferramenta para controlar cordas, similar à usada em competições de pipas ou em um rapel. A corda é enrolada no ankh algumas vezes, e a fricção garante melhor controle sem esfacelar mãos. Nada de latas de óleo ou achocolatado vazias. E sem cerol, claro, cerol mata, criançada.

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Senusret I e Ahmose Nefertari portando Ankhs. Cuidado com a rabiola. clemmonspipas.jpgO pilar de Djed, símbolo de estabilidade, seria mesmo um mastro, com posições próximas do topo onde as cordas poderiam ser fixadas. O shen, uma corda amarrada em Hórus e outras figuras aladas seria a representação de um ponto de ancoragem ou um nó. E assim por diante, Clemmons consegue reinterpretar quase toda a antiga simbologia egípcia como baseada na tecnologia de pipas, encontrando paralelos e os principais elementos devidamente simbolizados. Simbologia oculta é isso aí.

Mas ela vai além desta brincadeira ao estilo vale-tudo de “Código Da Vinci“, ao demonstrar a viabilidade prática de pipas movendo pedras de toneladas de tamanho. Clemmons não é só conversa fiada, Clemmons é gente que faz.

Em janeiro de 2004, contando com recursos próprios de vários entusiastas, um obelisco de onze toneladas foi erguido no deserto da Califórnia em uma hora com apenas uma pipa. Repetindo: onze toneladas, uma hora, uma pipa. A tecnologia, uma vez dominada, poderia ser aplicada facilmente de maneira modular: adicione mais pipas para levantar blocos muitas vezes mais pesados.

Seriam os egípcios exímios empinadores de pipas? Antes de responder, vamos do ar de volta à água, ao Nilo. Porque a Grande Pirâmide era na verdade uma bomba d’água.

PUMP IT
Confira o gráfico animado abaixo, representando as câmaras interiores da pirâmide de Quéops. O que está em azul é mesmo água, que é bombeada da entrada no canto inferior direito para acima dos eixos na parte superior. Tudo movido pelo fogo na Grande Galeria.

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O fogo consome o oxigênio, e assim como a clássica experiência (científica!) da vela e do pires com água (podem fazer, essa funciona!), a baixa pressão é capaz de elevar o líquido.

Combinando tal com o manejo sincronizado de válvulas e o uso de câmaras herméticas, repetindo o ciclo incessantemente, admiráveis leitores, temos com vocês, a Grande Pirâmide como uma bomba d’água gigante.

Inacreditável? Outra vez, abra sua mente a novas possibilidades, novos mundos, novos paradigmas. Como a Fundação da Bomba do Faraó (sim, ela existe) nota, a Grande Galeria possui até hoje vestígios de fuligem, “em formato aerodinâmico”, indicando não só o uso de tal fogo como o de válvulas.

Já havíamos lembrado na coluna anterior da proximidade das pirâmides de Gizé com as cheias do Nilo. A pirâmide seria assim uma gigantesca máquina hidráulica, crucial para o desenvolvimento da antiga civilização egípcia. Capazes de elevar água a grandes alturas, os egípcios poderiam canalizá-la para o deserto líbio a oeste, por exemplo, e garantir maior fartura para alçar vôos cada vez maiores. Talvez com pipas.

Opa, mas a coluna desta semana se chama “como se construíram as pirâmides?“, e não “para quê construíram as pirâmides“. Pois bem, a Fundação da Bomba do Faraó é pródiga em revelar que a Grande Pirâmide foi construída… com bombas d’água, evidentemente.

Dominando a tecnologia hidráulica movida por pressão pneumática derivada da combustão química (esses avançados egípcios!), e já transportando seus blocos de toneladas por canais, bastaria aos antigos criar eclusas e lidar com problemas relativamente triviais de engenharia para elevar e dispor os blocos em seu lugar, sem o uso de força bruta. Muito simples, não? A imagem abaixo deve dar uma idéia:

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A Fundação da Bomba do Faraó não está só. Faça uma busca por pyramid water pump” no oráculo e entre muitas páginas, contra ou a favor, encontrará diversos autores independentes defendendo muitas idéias similares. Nós por aqui gostamos do nome da Fundação da Bomba do Faraó, e assim continuaremos com eles.

A Fundação não é gente que faz, isto é, não elaboraram nenhum experimento mesmo em pequena escala como a querida Maureen Clemmons. Mas sua conversa fiada vai além do usual. Por exemplo, você sabia que a Grande Pirâmide não tem quatro lados? Tem oito. Os lados da Grande Pirâmide são côncavos, com as medianas indo da base até o topo.

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Pequeno detalhe, não? A Grande Pirâmide tem oito lados.

Epa. E todas as histórias sobre a precisão milimétrica da pirâmide, seus alinhamentos, geometria e tudo mais? Onde esta pirâmide com lados côncavos se encaixa em tudo isso?

Assim como as várias inscrições com o nome de Quéops em uma câmara fechada no coração da obra, aberta apenas com dinamite, este é mais um detalhe que os vendedores de mistério ignoram. Claro que sempre podem inventar justificativas para explicar esse e qualquer outro pequeno detalhe. O que são fatos frente a teorias?

Aí se inclui a nossa querida Fundação da Bomba do Faraó, mas a explicação deles é ao menos adorável, e não parece tão esfarrapada quanto os panos de uma múmia. Simpatizamos mesmo com esses caras. Como não? A pirâmide côncava, a eles, tem uma explicação simples, real, científica, de engenharia.

É uma estrutura para lidar melhor com as pressões internas, de dentro para fora. Pressões hidráulicas e pneumáticas com que a obra, como bomba d’água gigantesca, certamente teve que lidar. A concavidade seria uma solução de engenharia grosso modo como as represas em arco de gravidade modernas.

A Bomba do Faraó pode ser uma furada, claro. Porque as pirâmides foram construídas com concreto. Ou com som. Telecinese. Eletricidade, aviões, energias telúricas, cristais de quartzo, extraterrestres ou atlantes. Tudo assunto para a segunda parte dessa série de colunas piramidais. Afinal, “não faltam formas pelas quais os antigos egípcios, há 4.500 anos, no planalto de Gizé, poderiam ter erigido as maravilhas do mundo antigo”.

Apresentar todas estas revolucionárias idéias questionando o establishment acadêmico faz parte de um plano maior que será revelado em seu devido tempo. Este plano maior inclui que eu não responda aos comentários desta coluna, pelo menos por enquanto. Divirtam-se com pipas e o experimento da vela e o pires com água, para uma pirâmide de oito lados diferente daquela que lhe venderam todos estes anos.