Os anos não começam. Os anos só acabam.

Colunas, Mundo Hiperativo By dez 31, 2015 4 Comments

Só se vive uma vez, mas é difícil acreditar nisso. Afinal passamos a vida toda imersos dentro dessa perniciosa idéia do recomeço. Nem mesmo a morte escapa. Não existe religião que não prometa uma segunda existência, não é verdade? Estamos sempre ouvindo essa história sobre ter mais uma chance.

As comemorações do ano novo tratam exatamente disso. A trivial mudança do calendário cria listas que servem de estímulo para alcançar os objetivos há muito desejados, mas em geral nada muda. Isso acontece porque as pessoas esquecem de um traço fundamental do ser humano: a possibilidade de renovação não nos motiva a nada.

Ao contrário do que pensa o senso comum, saber que temos uma segunda chance só encoraja ainda mais a nossa preguiça. É assim que muitos projetos morrem sob a falsa promessa da renovação.

Agora imagine o contrário. Já viu aqueles filmes com personagens moribundos que decidem realizar seus sonhos antes de morrer? Nós estamos na mesma situação. A única diferença é que eles têm uma noção mais exata da data de partida, mas isso não significa que estamos mais seguros. Não significa também que precisamos estar próximos da morte para entendermos que viver é urgente e irreversível.

Aquela meta importante não merece ser escrita em uma lista. Ela é uma emergência a ser resolvida imediatamente. A vida é a única guerra que perdemos mesmo quando ganhamos todas as batalhas. E se você já perdeu, não se engane com as ilusões das futuras oportunidades. Vá e faça agora, pois os anos não começam. Os anos só acabam.

Pedro Schmaus

Author

Sacerdote da Santa Igreja do Culto ao Nintendinho, Ryu se declara um rapaz casto e introvertido, no fundo desculpas para seus constantes fracassos com as mulheres. Adora surfar, mas não sabe nadar e sonha em conhecer uma praia. Ex-modelo, ex-feirante, ex-atriz, ex-torcedor do Mixto, Evel na verdade é um extraordinário colecionador da série telecurso 2º grau, sabe de cor e salteado todas as lições de química e marcenaria contemporânea. Amante da boa cozinha, não dispensa um churrasco de gato no boteco da Zuleide. Adora aventura e sempre que pode arrisca-se no truco indoor, desde que o ambiente seja refrigerado. "Onde há flor não há envido!"