The Drums: surf, indie pop e coraçõezinhos

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Quando, em 2008, a vocalista do Ting Tings cantou “the drums” doze vezes, em apenas um refrão, eu não entendi que ali estava a grande vidente do indie pop.

Agora, ouvindo a banda mais empolgante da semana, tudo faz sentido. Katie White previa a chegada de The Drums, um quarteto dos Estados Unidos que mistura a sonoridade rock dos anos 50 ao post punk da C86.

Tudo é muito novo a respeito destes guris que calçam Chuck Taylors e vestem camisetas listradas com jaquetas à James Dean. Ainda assim a banda, que não completou seu primeiro ano de existência, já coleciona elogios de Rolling Stone e NME (seja lá o que isto signifique nos dias de hoje).

Para começar, confira o clipe Let’s Go Surfing:


Sentiu o que fez o Drums ter um dos discos mais aguardados do ano (e, dude, estou falando de indie. Não sei qual o mais esperado do samba rock ou do metal melódico, ok?)?

Na opinião desta que voz escreve é a mistureba citada anteriormente. Porque não consigo ouvir Let’s Go Surfing sem imaginar o seguinte filme: uma excursão de bandas (oitentistas) de Manchester à California dos anos 60. Presta atenção na alegria despreocupada. Ao momento palmas, quando a canção chega à frase “down down baby down by the rollercoaster”. Aos assovios que ditam o ritmo. Às diferentes significações que você atribui à letra.

Algo que não pode passar batido é a presença de palco do vocalista Jonathan Pierce. Ele é uma experiência de laboratório bem sucedida que emula a dança espasmódica de Ian Curtis, os trejeitos de Iggy Pop e a insanidade de Eugene Hütz (Gogol Bordelo).


O motivo? “Acho que se eu me mostrar da forma mais estúpida possível, isso imediatamente quebrará qualquer barreira”, disse à New Musical Express na matéria de capa da publicação, que chegou às bancas gringas nesta semana.

Se você lembra imediatamente da surf music dos Beach Boys e acha que o quarteto se resume isso, está enganado. “We’re not a fucking surf band” é a promessa do vocalista. Ele afirma ainda que o EP Summertime!, único responsável pelo frenesi em torno da banda, é um prequel que induz ao erro. Isto porque “se o EP foi o verão, o disco será o inverno do descontentamento”.

À nós, pobres mortais, basta apenas aguardar ansiosamente pelo momento em que o disco cairá na net para conferir o quanto há de verdade na afirmação.

Mas até lá, este prequel pode induzir também ao caminho da diversão. Graças a vocais e arranjos que ora lembram The Cure, ora Smiths e até girl groups como Supremes e Shangri-Las.

E se o “diga-me quem te influencias que te direi quem és” ainda funciona como eu acho que funciona estes caras tem tudo para tornarem-se os queridinhos de muita gente. Afinal, entre seus preferidos estão cineastas como John Cassavettes, gravadoras como Sarah Records e bandas como Field Mice e Beat Happening.

Poderiam ser apenas referências soltas não fosse o mantra da banda: “Por que não pegar tudo o que você sempre amou e imprimir sua própria marca nisto?”, disseram à NME para alegria de pessoas como eu e você (amante de música que não ficou parado em determinada época histórica e que curte novidades, venham elas de onde vierem).

Para encerrar, o single I Felt So Estupid que é, basicamente, o que todo o romântico-incurável-que-foge-do-melodrama espera ouvir (i don’t know if it’s right or wrong but come stay with me / i want to hear the beat of your heart / if it’s good or bad come be with me / and i’ll give you the key to my heart).

Lindo. É só o que digo. Lindo.