Ray-Ban e Zippo

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Olá pessoal!

Hoje apresento duas invenções geniais: os óculos Ray-Ban e o isqueiro Zippo. Notem que os dois só chegaram onde estão por causa da II Guerra Mundial (como sempre) e com uma bela ajuda do cinema.

Aproveitem!

Eduardo Nicholas

RAY-BAN – Estados Unidos. Óculos. 1937.

ray-ban_logo_2535O Tenente John MacCready curtia fazer algumas aventuras de balão. Certo dia fez uma viagem muito longa e acabou ficando exposto ao sol tempo demais. Apesar de ter usado óculos escuros, seus olhos ficaram irritados por causa do excesso de luminosidade. As lentes que ele usou eram fraquinhas, não deram conta do recado. Com as retinas queimadas ele procurou uma famosa loja de óculos em Nova Iorque, a Bausch & Lomb. Há anos trabalhando com instrumentos óticos, a B&L aceitou a sugestão de MacCready: produzir óculos que tivessem lentes bem escuras e aros grandes, mas sem perder a beleza.

Surgia um protótipo de óculos com novas lentes verdes anti-reflexo, preparadas para impedir a entrada dos raios infravermelho e ultravioleta. E dessa característica surgiu o nome da marca, a mistura do termo em inglês raio (Ray) e as três primeiras letras da palavra bannish (banir). Com sua armação dourada e o enorme aro curvado, o Ray-Ban tinha um estilo inusitado, porém elegante, sem deixar de proteger os olhos.

A Bausch & Lomb vendeu o novo modelo para o Tenente MacCready e ele logo mostrou o invento para seus amigos. Rapidamente os óculos tornaram-se famosos entre os militares, especialmente os aviadores. A B&L viu que tinha nas mãos um grande sucesso e abriu uma fábrica só para o modelo. O batizou de Ray-Ban Aviator, dada sua popularidade entre os pilotos.

Até aí as vendas eram restritas aos militares. No entanto, com a chegada da II Guerra Mundial o modelo tornou-se famoso no mundo todo de repente. Durante o conflito, um dos Generais mais importantes dos EUA (Gen Ex Douglas MacArthur) foi fotografado chegando numa praia das Filipinas usando um Ray-Ban Aviator. Daí para frente todo mundo queria um também, fato que ajudou a popularizar a marca não só entre os militares, mas também entre os consumidores comuns.

Nos anos 50 outro sucesso surgiria, tão poderoso quanto o Aviator. Em 1952 o designer Raymond Stegeman cria o Ray-Ban Wayfarer, um dos primeiros modelos de óculos construídos com armação de plástico. Influenciado pelo novo design da época, inspirado em carros com traseira rabo-de-peixe, Stegeman vendeu o protótipo para a B&L. No começo o objetivo deles foi vender o novo modelo para pilotos, mas por sorte ele caiu no gosto de alguns cantores e artistas de Hollywood. Logo o Wayfarer era figurinha carimbada em diversos filmes e o povão alucinava de tanta vontade de comprá-lo.

Depois de duas décadas de sucesso, o Wayfarer sumiu nos anos 70. O modelo quase desapareceu do mercado. No último suspiro, a Ray-Ban resolveu apostar naquilo que tinha sido o diferencial da marca no passado: a inserção em filmes. Pagou para que vários cineastas fizessem seus atores usarem o Wayfarer nas cenas. Sendo assim, nos anos oitenta os óculos voltam com tudo. Nos próximos 20 anos a Ray-Ban diversificou seus modelos e se firmou como grande marca do setor. Foi comprada por uma grande empresa italiana em 1999, saindo das mãos dos norte-americanos.

Curiosidades de Sobremesa

1 – A Ray-Ban pode ser considerada a dona dos dois mais populares modelos de óculos do mundo. O primeiro deles seria o Ray-Ban Aviator, seguido pelo Ray-Ban Wayfarer, como citado muito usado nos anos 60 (Kennedy, Bob Dylan) e 80 (Tom Cruise, Madonna). Muita gente famosa usa esse modelo até hoje, incluindo o Jack Nicholson. Quando vejo o Wayfarer eu lembro do Léo Jaime, ele usa esse modelo também.

2 – Podemos dizer também que os dois modelos foram os mais falsificados da história dos óculos.

3 – Um Ray-Ban Aviator original custa em média 200 dólares.

4 – O General-de-Exército Douglas MacArthur comandou os aliados na Guerra do Pacífico, crucial para definição da II Guerra Mundial. Ele foi um dos únicos cinco generais cinco estrelas do Exército dos EUA. Casca grossa, MacArthur não era de obedecer ninguém. Por isso foi despedido pelo Presidente dos EUA em 1951.

5 – A Bausch & Lomb já era uma empresa bem antiga quando lançou o Ray-Ban. Ela tinha sido fundada nos EUA em 1853 por dois imigrantes alemães, John Jacob Bausch e Henry Lomb.

ZIPPO – Estados Unidos. Isqueiro. 1932.

zippo-logoNa década de 30 os Estados Unidos ainda estavam passando pela depressão econômica, iniciada em 1929. A pobreza tomava conta do país, uma maçã podia custar um centavo, mas ninguém tinha dinheiro para comprar. Fome e desemprego por toda parte, a pior das conjunturas para se começar um negócio.

Por esses dias George G. Blaisdell pensava em mudar de vida. Irascível desde pequeno, ele tinha se recusado a estudar, apesar da insistência da família. Expulso de diversas escolas, só lhe restou aprender o ofício do pai, a metalurgia. Depois de fracassar em muitos negócios, Blaisdell herdou a antiga oficina e a vendeu para investir em petróleo. Ele odiava trabalhar com isso, mas o retorno financeiro era alto e fácil.

Porém, a crise de 29 veio para mudar tudo. Praticamente falido, George contou os últimos dólares e decidiu investir numa invenção de sua autoria, um novo tipo de isqueiro. Dizia que ia vendê-los por U$ 1,95 cada um, valor absurdamente alto para a época. Seus familiares lhe chamaram de louco, mas Blaisdell era genioso.

Em 1932 ele cria uma pequena caixa retangular de metal, na qual dentro um fluído inflamável embebia um pavio de pano. Na ponta uma pederneira para fazer faíscas em direção à extremidade do pavio. Quando acesa, a chama dificilmente apagava com o vento (windproof), pois o sistema da invenção se assemelhava a uma lamparina. Uma invenção simples, porém bastante útil. Fã desse tipo de invenção, George gostava muito da engenharia genial do zíper. Por isso batizou seu novo isqueiro com uma variação do termo em inglês zipper (zippo).

Inicialmente fazendo isqueiros com logos de empresas (brinde), a fábrica de Blaisdell começou a crescer durante a II Guerra Mundial. Isso porque a chama windproof era muito útil para os soldados no front. Rapidamente o Zippo tornou-se popular entre os militares. Uma vez que o isqueiro era totalmente liso, eles costumavam mandar gravar seus nomes em sua superfície. O sucesso foi tamanho que a empresa parou de fabricar isqueiros para o público por um tempo, passando a produzir somente para as Forças Armadas.

Anos mais tarde começaram a sair Zippo’s comemorativos, com gravuras diferentes. Isso agradou muito os colecionadores. No entanto, no pós-guerra, o que sustentou o isqueiro no topo foram suas aparições no cinema. O cigarro era presença constante nos filmes e ele precisava ser aceso por algo. Uma vez que o Zippo era o único isqueiro diferenciado do mercado, muitos bandidos e mocinhos passaram a usá-lo espontaneamente. Desde os anos 30 foram mais de 1200 aparições. Esse sucesso todo transformou o Zippo em uma lenda que ainda está longe de ser esquecida, mesmo após 75 anos de existência.

Curiosidades de Sobremesa

1 – Existem diversos tipos diferentes de Zippo, mas o mais famoso é o prateado. O mais caro deles, de 1933, foi vendido num leilão por 37 mil dólares.

2 – Quase todo filme de ação tem uma cena com alguém acendendo um cigarro com esse tipo de isqueiro. Pior é quando o cara quer começar um incêndio, espalha a gasolina e depois joga o Zippo lá, como se o isqueiro fosse baratinho.

3 – A palavra zíper vem do inglês zipper, usado para se referir ao chamado zip fastener (fecho rápido). O sinônimo de zíper, em português, é fecho ecler.

4 – O isqueiro Zippo tem garantia eterna. Se qualquer parte do mecanismo quebrar, basta entrar em contato que eles arrumam. É claro, não vale para danos na parte externa. A empresa afirma que em 75 anos de história nunca alguém pediu para arrumar um Zippo.

5 – Para apagar a chama do Zippo a melhor maneira é fechar a tampa, consumindo assim o oxigênio.

 

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